terça-feira, 26 de outubro de 2010

Como Esquecer

Acabei de chegar do Belas Artes. Em meio ao frisson da Mostra, fui despretensiosamente aproveitar a super segunda, onde quem leva a carteira de trabalho, paga só quatro reais. É claro que a promoção não é válida para os filmes da Mostra.

Eu gosto desses filmes, livros e qualquer coisa que seja, em que se fala de amor. Principalmente os perdidos, pois sinto que sou uma fracassada nesse lance. Gosto pra ver se consigo tornar sólida a dor que ainda sinto, ver de fora, sabe? Como se visse, de alguma forma, a minha história numa super tela. Assim foi quando decidi ler O Passado e logo mais ver o filme – Sofia, ah Sofia, como somos parecidas, mas definitivamente não quero que o final do meu filme seja igual ao seu.

Como esquecer é bonito, delicadinho, mas parece que não coube no tempo do filme. Parece muito com os filmes argentinos por que fala de uma bobeira da vida e que pra gente sempre é grande e na tela do cinema fica poético, entretanto, os filmes brasileiros não têm a essência dos argentinos, não tem jeito. Então fica meio insosso, uma tentativa abortada.

O que foi legal foi ver a Ana Paula Arósio descabelada e sem maquiagem e até assim a filha da puta é linda bem...

Corajoso também foi o nu frontal de um cara no filme.

Bonita foi a chuva que estava caindo quando saí do cinema, sorte que a sombrinha manca estava na minha bolsa. Desci a Consolação e depois a Angélica molhando o tênis e pensando em como fui maltratada aqui em São Paulo por gente que não tinha nada a ver. Incrível como há pessoas que sabem fazer isso de graça, sem motivo... é uma arte...

São Paulo é bonita aos meus olhos, bonita bem mesmo. Vejo beleza em uma chuva numa segunda na saída do cinema. Solita. Sorrindo por dentro.

Bem-vinda pra mim. Todos os dias.

=)

domingo, 24 de outubro de 2010

Trocar o vestido

Parece que começo a tomar um rumo.
Talvez não do jeito que gostaria, mas como desde que vim pra cá tenho deixado a vida me levar, estou indo, coisas têm acontecido, pessoas tenho visto. Acotevendo uma simbiose legal com a cidade. Eu quero isso. Quero ter a cara daqui. Sempre quis.
Só me falta mais coragem de assumir as coisas, acreditar que posso e derrubar todas as barreiras idiotas que possam existir.
Enterrar todos os fantasmas do passado e mandar abravanar os que fazem pouco da minha presença.
Enterrar e amanhecer.
Trocar o vestido. Melhorar o tecido.
Chorar até limpar.
Chorar e chorar mesmo que o choro seja seco, sem lágrimas como tem sido.
Pouco me lixar.
E encontrar um amor. quero esse, redondinho. Cheio de verdade e querer bem. Leve, solto e corinthiano, como deve ser.
Tenho um na cabeça. O desejo, com a força que ele tem, poderia fazer acontecer e todas as energias conspirarem a favor.



"O casaco
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social,
igual se, por fora, usasse um casaco
rasgado e sujo.
Tentou sair da angústia,
isto ser, ele queria
jogar o casaco rasgado e sujo no lixo
Ele queria amanhecer."

Manoel de Barros.