sábado, 11 de março de 2017

O corpo, a voz, a linguagem. Toda escrita acaba sendo metalinguística. A princípio, veio à mente a palavra metafísica, mas nem sei ao certo qual é a sua definição. Digo metalinguística porque o próprio ato de escrever é um parto. Minha escrita é ingênua, sinto e acredito que haja uma escritora em potencial dentro de mim, mas que ainda não foi encontrada, ou seja, minha voz, meu corpo, minha essência ainda não foi descoberta neste meio. Tento me forçar, mentira, não tento, raras são as vezes que sento para destrinchar a escrita. Na maioria dos casos, escrevo para me libertar, escrevo para desabafar. Por isso me julgo menor do que as outras pessoas presentes a essa mesa. Sinto que cada um tem algo muito mais evoluído do que eu e isso me assusta, me amedronta. Mas ao mesmo tempo, penso que isso não é um teste de emprego ou uma entrevista em que você precisa se sair bem para concorrer a alguma vaga. Acalmo. Mas me travo ao mesmo tempo. 
Toda vez que me sento para escrever, minhas palavras já saem atravessadas, amassadas como um pão sírio, o pão que escolhi para dar ênfase ou gênero a minha escrita. Pior analogia, um pão sírio não é tão amassado assim e também não é disforme como a minha escrita.
O que seria isso? Um artigo de opinião? 
Um artigo de opinião, nunca! Por mais que sejam as minhas opiniões expressas por meio dessas palavras, esse texto está subjetivo demais. Por tocar na palavra subjetivo, me vislumbra a mente tudo o que eu tenho pensado sobre subjetividades. Na verdade, esse pensamento não veio sozinho, eu nunca penso nada sozinha, minhas reflexões são vazias e meu pensamento é todo desorganizado em torno dos meus sentimentos também desarranjados, confusos. Tenho visto pessoas as quais eu admiro falando a respeito de subjetividades. Volto o pensamento e chego a conclusão de que ninguém respeita a subjetividade de ninguém, simplesmente por que ninguém passa por ela. Cada um tem razão de ser como é. Reciprocidade e cuidado não são coisas com as quais nascemos e arrisco dizer que esse tipo de sentimento seja inerente ao ser humano: o sentimento de não empatia. Até as pessoas mais generosas e evoluídas tropeçam ao não legitimar a subjetividade alheia. O duro que essa subjetividade, as vezes implica descaso, nem sempre consciente. Eu reclamo do descaso alheio, mas muitas vezes também ajo com menoscabo com as pessoas. Sempre sem querer, porque cobrar quem me trata assim? 
O texto continua desconexo, mas é tudo o que eu posso oferecer, eu preciso escrever, escrever e escrever, descobrir o que é um e como é o meu processo criativo, ou seja, qual é a minha voz.
Não tenho autoestima elevada, ela é extremamente baixa. É um paradoxo, pois eu gosto de quem sou, mas ao mesmo tempo me acho um lixo; gosto de quem eu sou, mas ao mesmo tempo não tenho o famoso amor próprio. Geralmente, quem tem a autoestima baixa não gosta das escolhas que faz. Nada que vem da gente é bom. Mas por que estou dizendo isso? Por que considero o sintagma que escolhi livre de qualquer prejuízo para quem segue ou pra quem convive com as pessoas que andam no ritmo da leveza, que é a palavra que escolhi, significado que persigo há mais de 10 anos. Sendo algo tão bom, por isso não consigo chegar perto.
Quis comparar o pão escolhido à minha palavra, mas que nada, descobri pesquisando que o pão sírio é muito calórico, em outra pesquisa descobri que é uma boa opção para pessoas que estão de dieta. Fiquei confusa, como sempre fico.