sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Dois mil e dezenove

2019  foi o melhor e o pior ano da minha vida, nunca antes as sensações estiveram tão misturadas. Infelizmente, também foi o ano em que eu consegui me odiar e sentir nojo de mim, em muitos momentos.
Dei brechas para rever páginas que já haviam sido viradas, o bom é que não as li novamente. Foi o ano em que mais eu me maltratei e que me tratei com nenhum pingo de carinho. Isolei-me mais ainda, um isolamento vazio de sentido e de autoconhecimento.
Senti-me extremamente amada por uns e desprezada por outros.
Em contrapartida também aprendi demais, estudei demais e coloquei a força da criatividade para funcionar. Não uma criatividade beirando à brincadeira, mas embasada, estudada, aplicada. Eu sou grata demais a tudo de ruim que aconteceu comigo, pois vou usar a força do conhecimento para maturar e adubar a minha vida por muito tempo.
Eu odeio a data do meu aniversário, amo menos ainda o mês de dezembro, mas essa coincidência  de virar o ano próximo à virada do calendário é uma chance para eu ressignificar uma porrada de coisas, inclusive olhar com mais carinho para o último mês do ano. 
Agradeço a todos que fizeram parte desse meu ano louco, levantando a mão quando perguntados quem estava desde o início.
A vida é imprevisível! Não há controle sobre ela. O que resta é fazer carinho na nossa existência, cuidarmo-nos.
Espero que a chegada de 18/12/2020 seja menos dolorida e que fazer 40 anos possa vir acompanhado de muito orgulho de mim mesma. 


sábado, 11 de março de 2017

O corpo, a voz, a linguagem. Toda escrita acaba sendo metalinguística. A princípio, veio à mente a palavra metafísica, mas nem sei ao certo qual é a sua definição. Digo metalinguística porque o próprio ato de escrever é um parto. Minha escrita é ingênua, sinto e acredito que haja uma escritora em potencial dentro de mim, mas que ainda não foi encontrada, ou seja, minha voz, meu corpo, minha essência ainda não foi descoberta neste meio. Tento me forçar, mentira, não tento, raras são as vezes que sento para destrinchar a escrita. Na maioria dos casos, escrevo para me libertar, escrevo para desabafar. Por isso me julgo menor do que as outras pessoas presentes a essa mesa. Sinto que cada um tem algo muito mais evoluído do que eu e isso me assusta, me amedronta. Mas ao mesmo tempo, penso que isso não é um teste de emprego ou uma entrevista em que você precisa se sair bem para concorrer a alguma vaga. Acalmo. Mas me travo ao mesmo tempo. 
Toda vez que me sento para escrever, minhas palavras já saem atravessadas, amassadas como um pão sírio, o pão que escolhi para dar ênfase ou gênero a minha escrita. Pior analogia, um pão sírio não é tão amassado assim e também não é disforme como a minha escrita.
O que seria isso? Um artigo de opinião? 
Um artigo de opinião, nunca! Por mais que sejam as minhas opiniões expressas por meio dessas palavras, esse texto está subjetivo demais. Por tocar na palavra subjetivo, me vislumbra a mente tudo o que eu tenho pensado sobre subjetividades. Na verdade, esse pensamento não veio sozinho, eu nunca penso nada sozinha, minhas reflexões são vazias e meu pensamento é todo desorganizado em torno dos meus sentimentos também desarranjados, confusos. Tenho visto pessoas as quais eu admiro falando a respeito de subjetividades. Volto o pensamento e chego a conclusão de que ninguém respeita a subjetividade de ninguém, simplesmente por que ninguém passa por ela. Cada um tem razão de ser como é. Reciprocidade e cuidado não são coisas com as quais nascemos e arrisco dizer que esse tipo de sentimento seja inerente ao ser humano: o sentimento de não empatia. Até as pessoas mais generosas e evoluídas tropeçam ao não legitimar a subjetividade alheia. O duro que essa subjetividade, as vezes implica descaso, nem sempre consciente. Eu reclamo do descaso alheio, mas muitas vezes também ajo com menoscabo com as pessoas. Sempre sem querer, porque cobrar quem me trata assim? 
O texto continua desconexo, mas é tudo o que eu posso oferecer, eu preciso escrever, escrever e escrever, descobrir o que é um e como é o meu processo criativo, ou seja, qual é a minha voz.
Não tenho autoestima elevada, ela é extremamente baixa. É um paradoxo, pois eu gosto de quem sou, mas ao mesmo tempo me acho um lixo; gosto de quem eu sou, mas ao mesmo tempo não tenho o famoso amor próprio. Geralmente, quem tem a autoestima baixa não gosta das escolhas que faz. Nada que vem da gente é bom. Mas por que estou dizendo isso? Por que considero o sintagma que escolhi livre de qualquer prejuízo para quem segue ou pra quem convive com as pessoas que andam no ritmo da leveza, que é a palavra que escolhi, significado que persigo há mais de 10 anos. Sendo algo tão bom, por isso não consigo chegar perto.
Quis comparar o pão escolhido à minha palavra, mas que nada, descobri pesquisando que o pão sírio é muito calórico, em outra pesquisa descobri que é uma boa opção para pessoas que estão de dieta. Fiquei confusa, como sempre fico.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Mais de um ano depois aqui estou eu. A dor que eu tô sentindo agora parece que nunca vai desaparecer, mas eu sei que vai. Um dia, um mês, um ano. Eu sei que vai.

Passei o dia fazendo faxina na casa, mas o que eu queria mesmo era faxinar o meu coração, a minha cabeça. Tirar essas sensação ruim que me tira o sono e me faz chorar copiosamente. 

Não sei como agir, nem como cuidar de mim.

Não sei como tirar esse nó da minha garganta. Não sei.

Não consigo ser prática, por mais que eu me esforce.

Chega a noite e tudo potencializa.

Tá ruim. Bem ruim. A cada dia mais o peso aumenta.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sem sentido

Sabe aquela fase estranha da vida da gente, em que nada tá errado e nada tá certo? Tá tudo estranho e fora do lugar, e quando a gente acha que "agora tá no caminho certo" vem uma carreta e bate de frente nos retirando de novo da pista?
É, a minha vida anda assim.
Eu nunca fui boa em expressar sentimentos em relação a ninguém, geralmente eu prefiro ignorar aquela "paixão" e seguir em frente de forma consciente e sensata... Nunca permaneço por um longo tempo morando dentro de um abraço ou tentando ser o lar de alguém. Eu sempre recuo e volto pra minha zona de conforto e fico ali, esperando alguém disposto a mim e a toda essa confusão que eu sou, chegar e me fazer bem de novo.
Sou vulnerável, e ao mesmo tempo morro de medo de me entregar de corpo e alma de novo a alguém só pra ser destruída.
Talvez essa coisa de "amor" nunca chegue pra mim, já que tem que ser recíproco e sempre quem carrega a sacola de corações despedaçados sou eu.
Tenho a mania estranha de tornar a dor da outra pessoa minha, de fazer ela deitar no meu colo e dar carinho até ela adormecer. O que é estranho, já que não gosto de deixar que o mundo me conheça de verdade, sendo exatamente assim. Não estando pronta nunca pra momento nenhum e mesmo assim aceitar tudo de peito aberto sempre.
Essa vida, essa aqui mesmo, fica cada dia mais estranha, vazia e sem sentido.

Alice Padilha

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

 

Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo



Não costumo resmungar em relação a isso, por que na boa, eu me basto. Mas assim, tô sentindo falta. Só um olhar, um colo, sem palavras, sem julgamentos, só afago. Poderia mesmo ser de amigo, aquele amigo bem amor, que só de olhar já sabe de tudo o que está se passando contigo. Não estou precisando de alguém que me diga que tudo vai ficar bem, estou precisando só de um colo e de um cafuné. <3

sábado, 25 de julho de 2015

"Nada era certo, mas parecia tão normal"

Limpeza.
É a palavra de ordem, a partir de amanhã.
Limpeza de alma e de tudo o que não me faz bem.
Sim, já me prometi isso diversas vezes, mas amanhã vou para um retiro. Retiro de mim, de coisas tóxicas e nocivas.
Alimentação e sentimentos.
Cuidar do corpo e da alma.
Da vida pessoal e profissional.
Contar todas as verdades. Não me calar, mesmo que isso possa trazer algum mal a mim.
Já comecei a não ter medo de me retratar. Mas que fique claro que, me retratar não quer dizer me arrepender do que penso, sinto ou digo.
Me retratar significar que fiz as coisas de maneira equivocada, sim, mas a opinião ainda continua a mesma.
Dou graças a Deus por ter limado pessoas da minha vida, de uma forma ou de outra.
Enfim. Amizade é algo tão gigantesco que não se pode se achar amigo conhecendo há poucos meses. A realidade é essa. Conhecer pessoas me trouxe coisas boníssimas, mas o saldo final é negativo. Infelizmente. 

sábado, 18 de julho de 2015

Viagens.
Trabalho.
Amor.
Sexo.
Dinheiro.
Confiança.
Palavras.
Palavras.
Nada.
Música.
Comida.
Comida.
Comida
~
~
~

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Apaixonada.
Paixão inventada. Paixão controversa. Paixão inquietante.
Paixão torta. Paixão intensa. Paixão.
Paixão.
Paixão pela pessoa.
Paixão pela criatividade.
Paixão pelo sexo.
Paixão pelo riso junto a mim.
Paixão.
Paixão pelo cansaço.
Paixão pela voz gostosa, mas que você não gosta.
Paixão pela força.
Paixão pela imagem das crias.
Paixão pela vulnerabilidade não aparente.
Paixão pelo que há por trás da cara de mau.
Paixão pelo fato de que por trás da cara de mau há um ser bem simples.
Paixão até pelos equívocos de português, na era da pressa, dos corretores e dos smartphones.
Paixão pelas marcas.
Paixão pela cicatriz igual à minha.
Paixão pelas tardes a fio.
Paixão pelo chamado.
Paixão por me sentir novamente apaixonada depois de tanto tempo.
Paixão pelo ódio de estar apaixonada.
Paixão pela vontade de entrar ~ fisicamente ~ misturado às vísceras.
Paixão pela sensação de querer levar uma parte para estar comigo todos os dias.
Paixão pelo improvável.
Paixão pelo inesperado.
Paixão que sei inventada.
A nossa paixão a gente inventa. 
A nossa paixão eu invento. 
A minha paixão eu invento e só pertence só a mim.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Gavetinha de guardar insignificâncias: Estou cansada, não sei como agir e nem como viver neste mundo.
Fim.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

E aí, gente?

E aí, que o cara não tinha a intenção de ser artista, estava apenas se preparando para o juízo final, recriando o mundo para oferecer a Deus?
E aí, que esse mesmo cara, uma não-artista que passou a ser viveu, praticamente, a sua vida inteira em um hospício, simplesmente porque na noite de natal ele encarnava Jesus Cristo? Algo, se não normal, no mínimo entendível, já que tantos “loucos” se autoproclamam o serem e nem por isso são internados em um hospício.
E aí, que era negro, pobre, sem documentos? BOBAGEM.
E aí, gente, que depois de sua morte, de não-artista passou a sê-lo e percorrer o mundo inteiro por meio de suas obras que chegaram até a bienal de Veneza?
E aí?

E aí?

"O bom é corromper o silêncio das palavras." Manoel de Barros


terça-feira, 18 de março de 2014

POESIA E FILOSOFIA NA REPÚBLICA DE PLATÃO: SEPARAÇÃO E ENCONTROS POSSÍVEIS

Reflexão feita para disciplina de Teoria Literária - Mestrado PUC

O tratamento que Platão atribui à poesia em seu livro X da República é algo que nos faz refletir acerca da negação da poesia como algo constituinte de uma cidade ideal. Ele afirma que o banimento da poesia é crucial para que se estabeleça uma república ideal, nessa perspectiva, julga-a como corruptora das virtudes dos homens, pois os transforma e os torna sensíveis demais, portanto deve ser banida da cidade.
Entretanto, ao mesmo tempo, Platão reconhece o valor transformador e a força da poesia. Isso pode parecer um contrassenso, já que queria vê-la banida. No entanto, como se pode observar em vários trechos da República, o que Platão critica como poesia, é o fato de ela encantar e tirar as pessoas do seu estado de razão, justamente por criar fantasmas e não mostrar verdades, as quais a filosofia sempre perseguiu. E até a desafia a mostrar-se como algo que traga austeridade ao homem.
Por outro lado, Platão utiliza desse artifício, pois reproduz um diálogo que seria de outrem (o diálogo entre Glaucon e Sócrates). Isso por si só, poderia ser encarado como um dos encontros possíveis entre poesia e filosofia. Entretanto, nesse ponto, essa reprodução não tem a função de distrair ou desvirtuar as pessoas, fazendo-as sair de seu estado normal. Nesse diálogo, ele reproduz didaticamente como seria a cidade ideal, portanto trata de uma temática que irá fazer com que as pessoas sejam virtuosas, não trazendo nenhum prejuízo à razão. Esse seria o modelo de poesia de que poderia ser aceita a poesia, na cidade ideal.
Outro acontecimento que também nos faz pensar essa questão é o fato de Platão utilizar o mito de Er para encerrar o capítulo X. Se ele diz sumariamente que a poesia deveria ser banida da república, por que será que ele utiliza uma forma “poética” para demonstrar as qualidades de um homem virtuoso? Não estaria Platão, com o mito de Er, exemplificando uma maneira de utilizar a poesia (literatura) de uma maneira pedagógica? O mito por si só, e como gênero, tem a função de, por meio de uma narrativa simples, não mimética e direta, passar lições de virtude. Sendo assim, essa seria uma maneira adequada da utilização da poesia, em favor de criar homens virtuosos e assim, construir uma cidade melhor, do ponto de vista platônico.   
No princípio da negação da poesia pela filosofia pode-se encontrar o cerne da questão. Uma separação e um encontro possível. Em todo momento, essa negação, supõe um posicionamento que na verdade não nega, mas toma pra si. Se há a necessidade de se explicar e de não deixar cristalizar a ideia de que a filosofia simplesmente quer banir a poesia da República, à revelia, nisso há um encontro possível entre as duas. Há uma preocupação com a poesia, ou melhor, com o que a poesia pode causar ao homem virtuoso, no sentido do encantamento que ela pode causar e além desse encantamento, também a ruína, de uma maneira sorrateira. E é assim que Platão, a meu ver, não nega completamente a poesia, pois sente a necessidade de se retrata-se, explicando o porquê quer vê-la banida.
Essa preocupação pode ser identificada na parte VIII de A República, quando é dito que: “Digamos ainda a ela, para que não nos acuse de rigidez e rudeza, que há uma antiga briga entre filosofia e poética: uma cadela que, ganindo, late contra seu dono.” (PLATÃO, 2006, p. 399). A partir daí, no diálogo, são citados vários trechos, espécies de provérbios populares, os quais o autor dos fragmentos não pode ser identificado, e que contém aspectos do seguinte provérbio popular: “A voz do povo é a voz de Deus”. Como se esse banimento pudesse ser explicado do ponto de vista das várias vozes que se encontram nesse discurso. Um desses trechos me chama mais atenção, que é o mencionado a seguir: “A cadela que, ganindo, late contra seu dono”, esse trecho sintetiza um pouco a relação antitética entre a filosofia e a poesia. A poesia é representada no discurso como a “cadela”, por mais que ame e seja amada pelo seu dono (no caso a filosofia como representação da verdade), não se mantém em um lugar de completa devoção, há um lugar de conflito entre esses dois seres que, hipoteticamente, coexistiriam de maneira harmoniosa. Porém, a cadela, por conta de sua própria natureza animal, seja por um instinto equivocado ou por um instinto de defesa faz com que, considerada um animal irracional, agrida o seu senhor, causando mal a ele, pelo fato de, ele mesmo, estar distraído e imaginar que o seu animal de estimação nunca o atacaria.
A alegoria da cadela como exemplo, também pode remontar semanticamente ao masculino desse termo, que reporta-se a um homem sem escrúpulos e perverso que prejudica os mais próximos quando menos se espera.
Nesse embate, a filosofia seria comparada ao dono que foi atacado por seu animal de estimação. Ao querer banir a poesia, é abreviado esse caminho, assim não se permite que a poesia desvirtue os homens de bem quando eles menos esperam.
A filosofia busca a verdade, mas a verdade em si, não é filosófica, pois ela tem a liberdade de representar várias situações às quais são imanentes à arte por si só. Os indivíduos, virtuosos ou não, intrinsecamente vivenciam de várias formas as verdades que o cercam. Por mais que a arte possa potencializar os sentimentos e as confusões interiores, essas impressões que o homem tem do mundo externo não vão deixar de serem compreendidas como tais. Portanto a arte pode, ao mesmo tempo, potencializar essas impressões, que não deixam de ser vivenciadas pelo indivíduo e ainda fazê-lo digerir o procedimento de verdade, o qual é imanente à arte.
Não podemos afirmar que a arte seja verdade, mas pode ser a representação da verdade, de acordo com o conceito de verossimilhança. Tem o caráter de entender a verdade, por mais que isso seja muito efêmero, pois a verdade está longe de ser entendida como tal. Sobre isso, é salutar refletir sobre o trecho de Badiou, em Pequeno Manual de Inestética:
(...) a paz entre arte e filosofia repousa por inteiro na delimitação entre verdade e verossimilhança. E é por isso que a máxima clássica por excelência é: “o verdadeiro pode às vezes não ser verossímil”, a qual enuncia a delimitação, reservando, ao lado da arte, os direitos da filosofia. Filosofia que, como se vê, outorga-se a possibilidade de não ser verossímil. Definição clássica de filosofia: a inverossímil verdade (BADIOU, 2002, p. 15).

A citação acima versa sobre o esquema clássico lançado por Badiou, para explicitar o entrelaçamento entre poesia e a filosofia. Aqui podemos inferir que a poesia não tem a intenção de ser verdade, pois a essência dela é mimética. Mas nesse ponto ela também não tem a mínima pretensão de ser verdade, pois é função da arte provocar a catarse no espectador e isso nada tem a ver com a verdade. Dito isso, é possível sugerir que a arte poderia ser absolvida por Platão, no sentido de que ela não se torna uma ameaça à República, e sim uma forma de remédio para uma espécie de anormalidade na alma humana, auxiliando-a ter uma percepção mais clara das “verdades” que cerca qualquer indivíduo, em qualquer época.  

Referências bibliográficas
BADIOU, Alain. Pequeno manual de inestética. Tradução Marina Appenzeller. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.

PLATÃO. A República. Tradução Anna Lia Amaral de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2006.   

quarta-feira, 27 de março de 2013

Dia 3 - Manhã

Nossa e tanto tempo passou, a preguiça imperou e eu não tive coragem de escrever mais nesse lugar.
O dia 3, na verdade, foi o primeiro dia mesmo da viagem. O dia que começamos a desbravar o Deserto do Atacama. 
Já devo ter dito, mas as coisas no Atacama são todas muito caras, sorte que os passeios têm, em sua maioria, a duração de meio período, portanto podemos sempre comer a nossa própria comida no conforto de nosso hostal, porque se fosse para comer fora sempre, gastaríamos muito.
Nesse dia acordamos às seis da manhã, a van passaria às sete e não queríamos atrasar. Estávamos muito próximas da agência de turismo então às sete em ponto estava Juan, o guia mais querido de todos os tempos, gritando pelo nosso nome.
Passamos nos outros hostals e hotéis e a maioria de nossos colegas eram brasileiros, claro, paranaenses, sul-matogrossenses e não me lembro mais quem...haha...
Embrenhamo-nos nas estradas adentro, e claro, no Atacama tudo parece igual, mas não é, cada parte é uma novidade.
Na estrada, muitos túmulos, enfeitados, cheios de flores, coloridos. A cada um que passávamos, Juan buzinava.
A primeira parada foi a Reserva Nacional dos Flamingos. Uma lagoa, em meio a um grande deserto de sal em cristais. Parecia que estávamos em outro planeta, pois aquilo é um nada muito nada. Há o espaço para os turistas passarem e em volta, um espaço imenso de sal, levemente amarronzado.
Confesso que nem me encantei muito pelos flamingos e sim pelo nada salgado que a nossa frente se mostrava, sempre com os vulcões como fundo.
Diversas vezes nessa viagem, chorei feito criança por estar inserida nesse nada. NADA.



A segunda parada seria nas lagunas altiplânicas. 
Mas antes disso, passamos em um povoado, chamado Socaire. Minúsculo. Só alguns nativos, cachorros que parecem ursos e uma igrejinha.
Nesse lugar me senti subversiva duas vezes, uma por tirar uma foto dos nativos - e completamente sem querer - e outra por tirar uma foto dentro de uma igrejinha, linda, linda...
Os nativos do Atacama não gostam de serem fotografados, inclusive uma das nossas colegas de passeio foi fazer isso e foi duramente repreendida por Juan. Pelas minhas pesquisas eu já sabia disso, mas a coitada da curitibana não...hehe...

Eles já ficam todos de costas, gente!


As lagunas altiplânicas são compreendidas pelas lagunas Miscanti e Miñiques, ambas aos pés dos vulcões de mesmo nome.
Foi aqui que fizemos o vídeo de uma das brisas da viagem, que não sabemos se por causa da altitude, foram muitas!

As Lagunas Altiplânicas são mágicas, dali não se quer sair. Pena que para fazer esses passeios com agências de viagem seja tudo tão rápido.
Ficamos um pouco na Miscanti, depois fomos à Miñiques, esta que para mim, é a mais bela.
Lugar de pura contemplação, duro é ter tempo para isso, Juan nos corria sempre, porque para as agências tudo é muito cronometrado.
Corridas, fomos em um lugar em que tínhamos uma visão mais completa e o que achamos lá foi um belo mirante, pena não podermos ficar mais tempo.



 Por mim a viagem poderia acabar ali de tanta beleza vista.




Feliz e serena, assim eu estava e assim gostaria de sempre estar. Aqui já estávamos nas Altiplânicas.


Tênis desse tipo são fundamentais para esse tipo de viagem. Não nos desgrudamos dos nossos e ainda o meu serviu de tala quando torci meu pé em Santiago, no meio da viagem.





Na volta, passamos por Toconao, onde, segundo Juan, existe a construção mais antiga no Chile.





Por hoje é só, estou com sono. Essa foi só a parte da manhã. À tarde, teve o Vale da Morte e o Vale da Lua.
É muito recompensador lembrar dessa viagem. É claro que parte da emoção se perdeu nos próprios ares do Chile, mas relembrar é sempre muito bom.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Espera

Diante de tantas coisas que vejo e ouço, faço-me as seguintes perguntas: Só tem valor nessa vida quem tem um alguém? Quem está apaixonadx? Quem tem namoradx?
Para mostrar ou fazer com que as pessoas que a sua vida é boa, você tem que ter alguém para chamar de seu?
Eu acredito que sim, é possível ser feliz sozinho. Não vou cair na hipocrisia de dizer que eu não quero um namorado, que não quero me casar e coisa e tal. Mas que tal fazer outras cosias e não se preocupar tanto com isso enquanto o prometido não chega?
Há três anos meu último relacionamento teve fim e desde então não tive nenhum outro, só umas borboleteadas. Nunca parei para me perguntar o porquê disso, por que as relações não se consolidam, simplesmente vou vivendo os meus dias e fazendo as minhas coisas, como por exemplo viajar. 
O prazer da viagem é bem parecido com o do namoro, mas em vez de namorar uma pessoa, a gente namora lugares.
Assim, como esse blog é a minha gavetinha, desabafo aqui, pois ninguém tem a obrigação de ler. Vem se quiser. Acho importante fazer essas pequenas observações e relê-las depois.
Existem sabores e dessabores de não se ter alguém para dormir de conchinha, mas não posso me lamentar, cada qual com o seu cada um.
Também não julgo quem tem a necessidade de sempre estar apaixonadx, as pessoas têm a liberdade para ser e fazer o que os façam mais felizes.
Espero o mesmo, quem não pensem que minha vida parou só porque não tenho alguém.
Faz um tempo adotei um hábito de uma amiga, que por sinal é muito libertador: a leveza de se dizer assim, FODA-SE.
Um beijo no ombro.

Dentro em breve, voltaremos com a nossa programação normal.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dia 2

O dia 2 foi o dia de chegar a Calama e de lá partir para San Pedro de Atacama.
Quando acordei no ônibus me assustei com a paisagem. Um azul tão azul que nunca havia visto igual, cheguei a ficar sem ar. Impressionada e feliz pois isso era só o começo.

As coisas no Chile, são muito caras, um simples almoço, que não dá para alimentar uma pessoa mais faminta não sai por menos de R$15,00, mas pra esse preço tem que se pesquisar muito. 
Disse isso pois assim que chegamos, fomos a um mercado comprar comida. Ficamos o tempo todo em Hostals, onde podíamos cozinhar e assim economizar. Em San Pedro, como tudo é muito mais caro, por conta de ser uma cidade turística, fizemos as compras em Calama mesmo.
No mercado, compramos uma cerveja, uma das mais famosas de lá, a Cristal, com i e muito mais gostosa do que a daqui. Eu tava desejando abri-la, mas alguma coisa me dizia que não poderia, a Bia pegou da minha mão e abriu e eu: e se não puder? e se formos presas por beber no mercado? e se? e se? 
A Bia só disse: relaxa, nenê...
Pois bem, o guardinha do mercado me olhou e fazendo um sinal de que estava bebendo alguma coisa, lançou uma negativa, mais tarde descobrimos que não se pode beber na rua e em locais públicos no Chile, só nos bares e sentado nas cadeiras. Mas dessa nos livramos. Não fomos presas e nem tivemos que pagar a tal multa de 40.000 pesos chilenos.
Voltamos para a rodoviária de táxi, estávamos com muitas malas e o horário contado.
No Chile temos muitos ursos pela cidade, os peros. Eles são tão grandes, lindos e bem cuidados que dá vontade de levar para casa.
Depois dos carinhos no cachorrito, embarcamos para nosso destino final, San Pedro de Atacama.
Nessa uma hora e meia mais ou menos só quis dormir para tentar conter um pouco a ansiedade.
Chegamos lá ainda era dia, pois só escurece completamente as 22h00. Um sol de rachar, como já havíamos pesquisado.
Ao fundo, aquilo que se tornou o amor da minha vida inteira, vulcão Licancabur.
Demos uma volta na cidade, que praticamente só tem uma rua e fomos para casa preparar nosso jantar e dormir para o primeiro de dia de Deserto do Atacama.

Dia 1

Sei que é bem chato esse lance de dia 1, dia 2 e tudo o mais, mas é que eu pretendo escrever uma série dos meus dias de viagem ao Chile e saboreá-los a todos e a cada um.
Nunca fiz isso, e confesso que fiquei morrendo de preguiça com a ideia, mas será um bom exercício de lembrança.
Dos preparativos nem se fala, essa viagem vinha sendo germinada a cinco corações. Primeiro uma pulou fora, depois eu senti que o projeto era muito audacioso e poderia não dar certo. Depois não se falou mais nisso, cogitou-se outras viagens e assim, o desejo ficou guardado até meados de novembro, quando eu disse: vamos? E recebi um: VAMOS!! Refeito os outros convites as respostas foram negativas, por diversos motivos, que me cabe julgar.
Pois bem, minha mãe não gosta que eu faça viagens, ela acha um desperdício de tempo e dinheiro, então contar pra ela que eu ficaria 12 dias fora não era tão convidativo, resolvido essa situação, chegou o grande dia!
Embarquei no dia 03 de Janeiro, em um companhia área que sentia duvidosa. Enganei-me para minha alegria, comissários super atenciosos e um que tinha a cara de um personagem de filme cult argentino. Lindo, charmoso, atencioso, olhar penetrante. Claro que eu vi isso tudo sozinha e ele nem sequer notou minha existência.
Depois de algumas poucas horas, chego à parte mais esperada do voo: a Cordilheira dos Andes. Certifiquei-me que viajaria do lado melhor para admirá-las e, claro, na janelinha.

Chorei, é óbvio! Linda, imponente, essa é a Cordilheira dos Andes.
Chegando a Santiago, corri para o Hostel para encontrar minha companheira de viagem, a Bianca, e partirmos para San Pedro de Atacama.
Embarcamos no Tur-bus que nos levaria a Calama, e depois teríamos de partir de lá para San Pedro.
Saindo de Santiago, tudo o que se via era aridez. Incrível como uma paisagem pode mudar dessa maneira em um mesmo país - digo isso, pois fomos à região dos lagos depois.
Árido, porém não menos lindo.
Várias montanhas que, por ignorância geográfica, não sei se pertencem à Cordilheira. Senti ali que seria muito difícil pregar o olho nessas 24 horas de viagem.


Ao longo da viagem, íamos deixando todo o ônibus louco, pois estávamos muito empolgadas e as pessoas do ônibus provavelmente só estavam fazendo um simples itinerário (não percebemos muitos turistas nesse ônibus).
Ao longo do caminho vimos muitas praias lindíssimas, quase desertas, pois parecia que o acesso era difícil, muitas pedras e quase nada de areia.
Embasbacadas, vimos um lindo por do sol, com todas as cores possíveis e imagináveis para tal.

Sim, depois disso dormimos. Porque ninguém é de ferro e nos próximos dias tínhamos muito a desbravar.




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Gavetinha de guardar vergonhas



Muitos medos são impostos à minha mente, mas o medo maior é de expor esses medos.
Todos dizem que desabafar é a melhor saída quando se tem um problema, no meu caso medos.
Vivo entre o que é certo e o que é errado, sinto-me julgada a todo momento.
O que eu faço é, em vez de engolir sapos, é engolir medos.
Engolir medos pela vergonha de expô-los.
Tudo perpassa pela vergonha. Como mulheres e como pecadores, somos sempre expostos à vergonha. É cultural. Mas como nos desvencilhar disso? Como? Qual é a receita para não se ter vergonha.
Vergonha e liberdade são palavras que fazem parte da minha existência.
A primeira no campo da realidade, a segunda no campo das ideias.
Deveria ser o contrário, eu sei, mas não sou dona da minha própria vida. Essa é uma vergonha que tenho. E não tenho vergonha de mostrá-la.
Bah!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Beatriz


Daí a gente ouve a música e chora.
Talvez porque o choro já tava engasgado, talvez por perceber que quando se começa a Perder os entes queridos, a gente vai perdendo um pouco da vida também.
O que resta é um pouco de medo. Medo da consciência da finitude.





quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Habilitada

32 anos, uma vida inteira de não decisões.
Hoje, uma foi tomada, bem simples, bem juvenil, mas que pra mim, a adultice e os empurrões frequentes tiveram que bater à porta para aí sim, se concretizar.
Dentro de alguns meses, São Paulo terá mais uma pessoa apta a enlouquecer no trânsito da cidade.

Que a sorte esteja comigo.

sábado, 29 de setembro de 2012

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sexta-feira

"Ooooooi, tia"
- Olá!
"Vai Corinthians, Vai Corinthians!"
" O tia, tia, você sabia que meu time ganhou a Libertadores?"
Sim, sabia, eu tava lá!
" Você é corinthiana?"
Sou sim...

O diálogo acima aconteceu na Marginal Tietê, eu no carro e eles em um ônibus do projeto "Time do Povo" - eles estavam mostrando a camisa do referido projeto, assim como fazemos no estádio com a camisa do Corinthians na hora do hino nacional.

É o time do povo, é o Coringãããão!
Esse decálogo - sim, porque várias crianças estavam nas janelas do ônibus, cada uma falando uma coisa - aconteceu graças a uma coisa que todos odiamos: o trânsito.

Trabalho demais aqui, e só assim pra conseguir me manter. Essa é uma cidade que nos come sem que percebamos. Tenho alívio nos colegas. Colegas de trabalho, que em sua maioria são amigos.

Hoje à noite foi cansativo, não dei aula pra ir a um seminário na Universidade de São Paulo. A gente procura participar desse tipo de coisa, mas em se tratando de educação, é muito difícil ouvir toda essa baboseira acadêmica, de quem fica atrás de uma mesa, sem nenhuma experiência na prática.

Difícil também ouvir alguém pregando o como o capitalismo é nocivo, fazer cara feia com a apresentação cultural de alunos que vieram lá de São Bernardo e nem se dignar a assistir à apresentação.

A vantagem desse seminário será as discussões entre a gente. É muito reconfortante saber que tem gente trabalhando comigo que pensa como eu, e mais, aprender uma porrada de coisa de quem realmente tem experiência em educação, sendo tão jovem e tão apaixonado por essa profissão.

Amanhã temos mais. Esse texto tá bem sem pé nem cabeça. Estou cansada e sem saber fazer a ligação de uma coisa com outra. Queria escrever mais, porque o dia sendo simples e de muito trabalho, foi um tanto lindo também. Mas não consigo. Esse mesmo trabalho que me faz feliz, também me esgota. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A hora de partir já foi

O peso que não se sustenta. O mal estar que mastiga. As orações coordenadas. A vida na janela. A vida na poltrona do cinema. A espera que não chega. A situação que não muda. As orações subordinadas. O novembro dourado. A saudade. A dor. A pequenez. A insignificância. O pó. A ilusão. O engano. A força de vontade. A vontade. A gota de esperança. A amizade que não há. Não há. O resquício que persiste. A eterna perda. O desmerecimento. A eterna exclusão. A dor psicológica. A dor física. Os sentimentos são outros, mas a cegueira é a mesma; dos quatro lados da vida.  



quarta-feira, 11 de julho de 2012

A vida em fragmentos


Agonia
Falta de acontecimentos
Falta de jeito
Incompletude
Falta de controle
Raiva
Obscurantismo
Vontade de simplicidade
Liberdade
Entendimento
Compreensão
Liberdade de novo
Jeito
Amor
Simplicidade
Simples
Vazio
Falta de vontade
Sentimento
Vazio de novo
.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

sexta-feira, 25 de maio de 2012

terça-feira, 22 de maio de 2012

Música

Sei que é lugar comum falar isso, mas a música é algo que faz viajar. Eu me disfarço de outras coisas, vivo outras vidas. 
Fico em suspenso, sinto amor, pulsação, desejo de viver.
Música é vida. Todos os substantivos abstratos vêm da música.
Adoro, principalmente as mais esquisitas. 




sexta-feira, 4 de maio de 2012

Simples


É quando tá tudo rasgado por dentro e você tem vontade de ser preenchido não se sabe pelo que. 
É quando se sente a felicidade de não ter o que pedir, só agradecer.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Saudade, essa velha safada

a saudade é uma coisa que sempre vai morar em mim.
por mais que em minha vida mudanças bruscas aconteceram, eu não gosto delas.
não gosto de mudanças, separações, novidades. sim, sou um rosário de lamentações e de apego.
apego poderia ser o meu apelido.
mas as mudanças vêm, os caminhos se bifurcam e precisamos sempre fazer as malditas escolhas, adquirindo coisas e perdendo outras.
o que resta disso tudo? é o amor. imaculado. por mais que tantas vezes ele possa ser provado.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Saída

o jeito mais fácil de não sermos incomodados
é nos travestirmos em coisas, paixões e afins.
deixar a identidade pra lá,
pois muitas vezes, a nossa identidade é toda outra, mesmo...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ainda sem nome

Dez dias depois da queda, tudo está bem com ela. Voltou a trabalhar, mas assim meio pelo meio. 
Sente muitas dores, não físicas, mas que se tornam, como sempre. Os motivos são outros, mas são os mesmos. 
Uma espécie de lima passou por seus relacionamentos ultimamente. Amorosos ou não. Tenta, tenta e bate de frente. Sem resposta. Mas tenta. Resolveu se abrir, mas corre o risco de parecer uma idiota, como tantos que também julga. 
A vida por ali está um tanto bagunçada. Mas é só porque não está inteira. Falta uns pedaços que ela não se conforma viver sem. Mas não depende só dela. E quando dois não querem, não há um que dê jeito. 
Inclusive, em muitas partes, dois, três, quatro, quinze querem, e até mais. Como no velho clichê: a união faz a força. 
Não reclama. Está feliz. Mas ainda falta, sempre falta.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A falta que nos move

É aqui que a vida inteira (não) se faz. Longe do controle das mãos e do desejo. Falta de desejo.
Falta o desejo. Falta o objeto de desejo. E sempre assim. 
Sempre será? 
Esse desejo incontido de todo que não se faz. Essa dúvida inconstante e essa falta de interesse naquilo que se faz a sua frente. Assim, reduzido à quatro paredes bem divididas e vazias de sentido. 
Vazias de sentido. Música, bebida, corpo. Só, mudo, sem vontades. Vontades que se fazem e que se esfacelam. 
Como montá-la? Cadê o respiro? E a alegria? Alegria parece não rimar com sentido. Rima com vazio. 
O ano é novo, mas as angústias e os depósitos são todos antigos. Falta, dúvida, decepção. Um saco imenso de falta de vontade. Um saco imenso, que é só um saco no mau sentido.
As dores não têm mais a ver com pessoas, mas com a impossibilidade. A impossibilidade idiota que é a vida. A vida é uma impossibilidade idiota e vazia de sentido. 
Tem alguns pequenos cortes de alegria e de gozo. Apenas alguns cortes.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Viver é montar história

E com essa frase tão simples, mas nunca pensada, ela tenta destruir, montar, remontar e juntar todos os pedaços espatifados e tirados da sua pesada vida, para vivê-la mais plena.
O peso da existência a cobra, mas tentará se unir ao tempo, esse amigo que nem sempre é tão amigo assim, e montar sua vida, do jeito desejado, sem interferências, sem se deixar contaminar pela carga pesada que ela pensa ser o que pulsa dentro dela.
Assim começa o ano, com mais uma promessa de leveza. Será dessa vez?


leveza: palavra para 2012

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

há uma grande diferença entre convite e cobrança. ou não?

é terrível notar que você construiu uma vida inteira, de quase 10 anos, tentando impressionar o outro, e constatar que isso não restou em nada.
já não dá pra não se afobar.
o basta deve vir, mas ainda não. por hora há uma resistência, mas todos os caminhos levam para o mesmo lugar.
por quê? nem eu entendo.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

É tão triste quando a gente se cobra

E é tão feliz quando a gente se encontra, se abraça, joga conversa fora.
É tão feliz quando a gente bebe cerveja em um boteco e fica horas e horas conversando sobre a vida dos outros, sobre a nossa e sobre as coisas que fazem parte da nossa vida.
É tão feliz ser lembrado, ser querido, ter a presença desejada, se sentir importante por compartilhar os momentos, mais idiotas que sejam.
É tão feliz ter pra quem ligar na hora das pauladas na cabeça, e se sentir mais calmo sabe-se lá porque diabos.
É tão feliz não se preocupar com o que os outros vão pensar, viver os momentos, sem medo se vão pensar isso ou aquilo.

É triste perceber que, de fato, nada disso tem mais tanta importância e que tudo ficou no passado, enquanto não precisaria.
É triste tentar resgatar coisas e transformar relações, que, por idiotice, se perdem no caminho.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Resolução

Nesse dia tranquilo, foi pega de surpresa cantarolando uma música, que levou dois segundos pra saber qual era origem. Terminou de cantarolar e suspirou: saudade.
Resolveu pela milésima vez encarar as coisas de uma forma diferente, não se autossabotar tanto etc.
Não é que recebeu uma encarada e um sorrisinho no metrô?
Pra quem só pega tosse, é um bom começo.

Cantarola a música, mas deixa o passado lá...




segunda-feira, 21 de novembro de 2011

sentia amor, e só.

amores terminam no escuro, sozinhos.

Ou se transformam tanto, que não conseguimos aguentar muitas vezes.
Desprendem-se tanto que o peso é inevitável. A busca, a busca. 
Entender que os amores mudariam e tomariam outras formas indefinidas era o maior mistério.
Tudo assim no futuro do pretérito. Era nesse tempo verbal que vivia agora. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Novembro de Inverno

Retoma-se a dor física de tempos atrás.
É algo que procuro, algo que sempre esteve à espreita. Poderia já ter-se ido. Mas não foi. É algo que busco, que sinto que ainda está lá, escondido em um profundo abismo.
A noite é de sexta, um dia de novembro nada primaveril. Um frio que passa por baixo da porta e faz tremer. Não deixa dormir sem duas cobertas, meias e pijamas compostos por calça e blusa de manga comprida.
Sim, novembro. Dia em que se comemora primaveras de pessoas queridas. Uma semana da pior perda em seis anos.
Novembro novamente frio depois de quatro dias a 42 graus externos.
Frio e que bom.
Junto com a dor buscada, também vem a física. Sente-se um repuxo por dentro da caixa toráxica, meio à esquerda. Lembra-se dos ataques fulminantes mas pensa que esses acontecem mais com frequência com o gênero oposto.
Sintomas da síndrome do pânico.
Não, não tenho essa porra. Não, não se tem essa porra.
A xícara em que deveria estar servindo o chá, está servindo a cerveja.
Não tenho pique para a vida lá fora. Bebo aqui, protegida.