sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

do jeito que te quis, nunca, nem um dia, vou querer mais. o que há dentro de mim é um vazio e eu já não tenho mais perspectivas utópicas, meu anseio político e revolucionário já adormeceu, minha vida se tornou numa apatia em que tudo está bem, que sempre há o lado bom das coisas ruins. meu coração aprendeu a ter tolerancia, e não sei até que ponto isso é bom. já me encerrei dentro de mim e seu olhar que antes tinha o poder, hoje já não me descerra mais. a catarse que é um sentimento essencial pra o movimento da roda dos mundos particulares, em mim já se tornou pó, já não existem mais lágrimas, não existe mais dor, os poemas já não fazem sentido, meus heróis onde estão? quem os matou? eu mesmo. com minha falta de vontade de lutar contra aquilo que me aniquila, com minha falta de utopia, com a carga de realidade que se instaurou nessas últimas décadas. os jovens envelheceram, os velhos são só lembranças do tempo em que mudavam o mundo, ou pior, são só o esquecimento.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

ela achou que passar o carnaval inteiro na posição horizontal, sem nada fazer a não ser, descansar e cansar um pouco, foi a melhor idéia de todos os tempos. numa cidade em que nada lembrava a época do oba oba, do alalaôôôôôô, a não ser o vazio e o silêncio de um lugar em que a tradição carnavalesca não é cultivada. quem poderia ter essa idéia tão fantabulosa? e o pote de ouro encontrado no último dia? maravilhamento. ela gosta da vida sim, apesar de não vive-la. vive?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

variações
sweet heart
little flower
todo o sentimento canalisado naquela não possibilidade de gritar, de esbravejar, como uma veia entupida, prestes a fazer infartar o coração. porra! não sei escrever. o que faço com as minhas LETRAS? não sei escrever, não sei gramática, não sei ornar as palavras, fazer poesia. o insone tem sede e vontade de mijar. o insone resolve toda a sua vida durante a noite e quando o dia amanhece ele vê que não é bem assim. o insone é desassossego e falta de ar. o insone tudo o que ele quer é não sê-lo.
que vida inteira de pai e filha desperdiçada, recuperada nos últimos dias.
gosto mesmo daquela feiura que há naquele hospital, pessoas tranfiguradas, pela dor e pela doença. pela pobreza. que pessoa melhor sou eu prá me dar o direito de achar que não preciso passar por isso. vê-se velhos e jovens perdendo as pernas, vê-se gente lutando pra cagar, sofrendo pra mijar. mijo que vem tão fácil quando se toma cervejas e cervejas, sorrindo no bar com os amigos. vê-se casais não casais, que por serem tão casais, não são casais. v^-se enfermeiras a chorar de exaustão. vê-se máscaras e luvas, cirroses e tuberculoses, necroses, mortes, venenos, suicídios, meningites. vê-se a vida na sua forma mais pedinte. vê-se esperança de cura e desejo de voltar pra casa e depois da esperança de cura e desejo de voltar pra casa, vê-se a morte.
sentimento que infla no peito
e quase explode o corpo inteiro
dá dor, aperto, mastiga a alma e o espírito
e sãp coisas fascinantes
indescritíveis
alucinantes.
sorriso no rosto, vontade de gargalhar:
o frio
o sol iluminador do outono
beijo no ombro
primeira
U.T.I.
hospital todo
cada parte
cada auxiliar
muita saudade
proximidade
vivência em dois meses
e muito mais em uma semana
talvez mais importantes do que a vida inteira.
por isso digo muito mais forte
que não era para ele ter ido
talvez não ficasse de fato
mas sinto que a experiência seria tão única
tão sublime
saudade, muita saudade
dor aguda
sensações
de certa forma uma delícia
pois sensasões quais sejam
são uma delícia.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

1.
qdo sentiu a dor profunda do esquecimento, seu corpo foi todo rasgado e a garganta entupida com um nó que não passava nem agulha.
2.
aquele era o fim de um começo, que nem começava a ser. só um desejo contido de conseguir desvencilhar-se das garras da dependência.
3.
e sumiu baixinho, no canto do sofá, depois daquele infeliz telefonema. as lágrimas rolaram e deixaram seus olhos cheios de beleza.
4.
e nada te dava chance. a chance que talvez teria, o medo arrancava-lhe das mãos.
5.
o medo, sempre o medo. só nào tinha medo de chorar. e também não teve medo de se entregar.
6.
coisas bizarras, duradouras e virtuais
desejos refreados, desejos estilhaçados.
há beleza na alegria?
conte a piada.
veja se tem poesia.
alhures [do provenç. aliors] adv. noutro lugar, noutra parte.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

existirmos - a que será que se destina.

nada tem sentido. não vê sentido. não sente. não vive. não sabe.
as paixões já não cabem, não sabem permanecer. já não. muitos
nãos. onde cabem as paixões? as paixões...
vontades claras. as palavras todas as palavras. eu amo tanto as palavras. pequenas, longas, gritantes silencicoisas. estou trabalhando muito pouco e isso não é nada bom para o meu escrever. trabalhar me oprime e quando me sinto oprimida, tenho vontade de escrever e nesses momentos essas palavras que amo tanto, saem, se jogam, escorrem pelas calçadas e pelas guias de sargeta. mas estou trabalhando tão pouco...e gosto tanto disso. não sei pegar no pesado. por isso não saio do lugar. já disse que a voz da cibelle é redentora? parece que se flutua. flutua, flutuar.
gosto das coisas. as pessoas são o que gostam. eu gosto do gosto pelas coisas e só. é fino gostar. é doce gostar.





é doce.
doce, por mais que goste mais de salgado.
as unhas vermelhas servem para disfarçar. é tudo uma questão de bem parecer. variações de unhas vermelhas. a cada pessoa cai de uma maneira, as unhas vermelhas. vários vermelhos, claros e escuros. vermelho biscate. palavras mal colocadas e infelizes. mas quiseram sair.

domingo, 18 de novembro de 2007

eu só quero um segundo teu
e um segundo meu
um instante de dois, sem mais, nem pra depois.



gosto de cibelle.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007


quem escolheu esse rosto para mim?

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

me diga:

quem escolheu esse rosto para mim?
essa é uma frase da ana cristina, a bela ana cristina cesar que nem conheço direito, mas adoro profundamente.
lendo coisinhas dela, cheguei a conclusão de que ela morreu de sensibilidade.
bem uma linda descoberta.
outra linda decoberta é cibelle cavalli.
gosto muito das mulheres artistas.
as mulheres são lindas.
eu sou uma.
mulher, não artista. sensível talvez.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

noite após noite você se introduz na obscuridade do sexo dela, você envereda quase sem saber por essa estrada cega. às vezes, você fica ali, você dorme ali, dentro dela, durante a noite inteira, para estar pronto se por acaso, graças a movimento involuntário da parte dela ou da tua, lhe viesse o desejo de tê-la de novo, de fartá-la mais uma vez e de gozar apenas o gozo como sempre cego de lágrimas.
assim, no entanto, você pôde viver esse amor do único jeito que lhe era possível, perdendo-o antes que ele acontecesse.
trechos de a doença da morte, marguerite duras.
amo, mais e daí, né?tô só assim, falando pro vento.qdo eu parar nem vento vai ter.é aí que a história se quebra, e qual a importancia disso tudo?a vida é efêmera. nada tem importancia. momentos. a vida vale por momentos.e qdo eu parar de tentar, o que vai sobrar? será que talvez momentos, pelo menos pantufescos? se eu parar de tentar é certo que não sobra mais nada...mas que importancia tudo isso?e se agente mastigasse a carne um do outro, que gosto?e se ninguém precisasse de ninguém para momentos.e se ninguém tivesse limites? e se...e se...e se o se não existisse?alguém consegue viver sem o se. alguém consegue ser sensível e ser pedra com o que é mais sensível a si. sensibilidade e sinceridade. coisas não existem.efemeridades. é só isso que existe.tenta-se tenta-se e pra que. é uma voz que nao se ouve. uma voz de sonho, pesadelo talvez. daqueles piores que vc está em apuros, mas sua voz não sai, sua expressao não vista.